Você sabe como funciona o alinhamento de expectativas no processo de gestão?

Quero falar com vocês sobre alinhamento de expectativas no processo de gestão, pegando um pouco da minha formação acadêmica de engenheiro civil, para fazer um paralelo com as empresas.

Basicamente, para que uma obra seja concluída, o primeiro passo é compreender a visão, então arquitetos e engenheiros trazem essa visão de como ficará o projeto após concluído. O objetivo do engenheiro civil é entregar uma obra pronta, seja ela uma ponte, um prédio, um edifício, ou qualquer construção que seja. Mas, para que isso aconteça, antes de tudo é preciso primeiro entender a visão arquitetônica do projeto. É necessário um planejamento.

No que se refere ao projeto arquitetônico, quando essa visão é desenhada, estamos construindo um sonho futuro, que ainda não existe, a não ser no papel, mas que será consolidado em um segundo momento. Assim, quando você já tem uma perspectiva a respeito do que você espera para aquele projeto, o segundo passo é estruturar o processo de como chegar lá.

Então, você dá início a um árduo trabalho onde será necessário fazer o estudo do solo, a concepção, dimensionamento e representação da fundação, a análise das pessoas que você precisa alocar no projeto e, a partir disso, colocará em prática a execução dos projetos estruturais, de elétrica, entre outros.

E o que estou querendo dizer com isso pessoal?

Você já conhece o sonho futuro e, em cima disso, você começou a se preparar para realizar a entrega dele. A partir do momento que você tem esses pequenos projetos, que são os desdobramentos da visão do sonho, você irá para a fase de execução.

Então, é necessário seguir por etapas, afinal, você não pode, por exemplo, construir um acabamento, se você não tem a estrutura terminada. E você não pode concluir a estrutura, se não houver uma fundação bem-feita; você não pode ter a fundação bem-feita, se previamente não realizou o estudo do solo para definir que tipo de fundação fazer. Então, em tudo isso há uma correlação com as empresas.

As organizações tendem a ser imediatistas (faz parte!) e isso pode se tornar um problema caso não exista essa visão de etapas, já que esse imediatismo, muitas vezes, faz com que elas esperem alcançar determinado sonho da noite para o dia.

Assim, as empresas precisam entender que a visão foi construída. Então, fazendo uma analogia, podemos entender que a obra concluída significa o produto pronto. Significa o posicionamento, o produto em condições para ir para o mercado. Mas, para que isso aconteça, é necessário preparo, realizar a execução do projeto por etapas, contando com as pessoas e as ferramentas adequadas para isso.

O mesmo se aplica às empresas: eu tenho um produto que vai resolver um problemão no mercado. O que eu tenho que fazer antes? Aqui entram as etapas. Entender qual é a tecnologia desse produto, fazer planos, contratar as pessoas certas e definir o projeto para, posteriormente, colocá-lo em ação.

Meu conselho pessoal!

Entender a visão é preciso para se fazer a gestão do seu produto ou do seu negócio. É preciso se perguntar: o que eu quero primeiro? O que é mais importante? Como vou executar? Quais as etapas que preciso seguir? Qual o crescimento quero ter? Será acelerado ou não? O quanto vou investir? Qual a previsibilidade? São algumas das perguntas importantes que precisam ser feitas.

Muitas vezes olhamos para o vizinho que está há 10 anos investindo em um projeto, e queremos fazer igual. Sabemos onde ele chegou, mas não sabemos qual foi o caminho que ele percorreu. Ficar olhando para os lados é um grande erro, pois afinal, muitas vezes, nós vemos aquela pessoa em determinada posição, mas nem sequer imaginamos o que foi feito e nem quanto tempo levou para que ela atingisse o patamar no qual se encontra atualmente.

Christian Vincent

Sobre o autor

Christian Vincent é engenheiro formado pela UFRJ, com mestrado em administração pela Puc-Rio e curso de extensão em Business na Kellogg School of Management. Possui um mix de experiências, desde executivo de grandes empresas a fundador de startup. Ao longo de sua carreira passou por grandes empresas do segmento de pagamentos e bancos como Fininvest, Itau-Unibanco, Cetelem, Firstdata, Tribanco, Neurotech e, ao longo dessa trajetória, desenvolveu fortemente a relação com os principais varejistas do país. Foi o fundador da startup IZIO que criou em 2014 e vendeu para o fundo Hindiana em 2022.